"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

quarta-feira, 12 de março de 2014

Amor livre...

Passamos a nossa vida nos debatendo com as diversas formas de amor que cruzam o nosso caminho e os nossos infinitos anseios de senti-lo...  Senti-lo na alma e, muito mais que isso, em algumas de sua formas, sentir a sua concretização na pele. É como se precisássemos torná-lo palpável, manipulá-lo para que não nos reste dúvida alguma de que, de fato, o possuímos.
E vamos seguindo assim durante a vida, imersos em inquietações, movidos por algumas faltas doloridas, administrando uma ou outra lacuna de afeto... e assim acabamos nos tornando presas relativamente fáceis de alguns pseudo-amores que nos surpreendem em momentos de vulnerabilidade ou até de verdadeiros amores equivocados que acabam por confundir a idéia original de amor verdadeiro, amor puro na sua origem...  Amor livre.
Vivenciamos histórias, das mais diversas naturezas, nas quais barganhamos “cuidados” e “proteção” por coisas que nos são sagradas e assim vamos nos violentando dia após dia, pagando um preço muito alto e, o que é pior, supervalorizando equivocadamente os “cuidados” que vínhamos recebemos em troca. O raciocínio é lógico! “Se pago tão caro (com a alma), é porque isso me é muito valioso!”.
Muitas vezes tornamos assim, também, as nossas histórias de amor. Confundimos cuidado com cerceamento de liberdade, afeto com controle, amor com perda de individualidade. E vamos sendo condicionados a ter essas duas coisas, tão contrárias, andando sempre juntas.  Vamos aprendendo a sentir aquela sensação gostosa que vem do amor, sempre acompanhada com um nó no estômago. Um nó que vem da certeza de que, a cada dia que passamos ali, nos perdemos mais um pouco de nós mesmos.  O mais contraditório, entretanto, é que nos tornamos dependentes desse ciclo equivocado que nos confunde a ponto de nos sentirmos desamparados ao nos desvencilharmos. Um ciclo que nos confunde a ponto de sentirmos “saudades” de quando estávamos ”presos”, guardadinhos ali dentro, pagando (em alguns casos, bem caro) por toda aquela redoma de “cuidados e controle”.
Quando nos percebemos, já estamos reféns de situações assim. Situações que confundem as nossas certezas e intuições acerca do que é o amor. Situações que nos fazem “aceitar por menos” sempre. Situações que nos fazem exigir menos... Que nos fazem compreender, apenas, quando estamos “pagando” com a vida que corre em nossas veias...
Definitivamente: Isso não é Amor! Talvez seja sim a “nossa idéia de amor”, o “amor” a que estamos acostumados até então, mas, o Amor... o autêntico, aquele que é leve, que faz feliz, que nos faz sentir a Vida misturada no sangue que nos mantém vivos... Esse é muito diferente!
Amor é enxergar no outro... um outro! É entender e respeitar isso com toda a percepção da sua alma. É enxergar e entender que o outro é um ser com vários defeitos diferentes dos seus e com muitas necessidades diferentes das suas. É perceber alguém com coisas a oferecer diferentes do que, muitas vezes, você gostaria de receber...e mesmo assim,  aprender a receber. É enxergar um mundo de diferenças que existe entre os dois e, ainda assim, sentir vontade de brindar as afinidades, de sentir prazer com o que os une, com o que os vincula. É sentir vontade de ver o outro inteiro... completo. É sentir felicidade ao enxergar felicidade no outro.
O Amor, esse com A maiúsculo, é o eterno exercício de alinhamento da liberdade plena com o respeito mútuo... constante... É nunca desistir de nos exercitarmos nesse sentido... É contar até 10 antes de cometer uma grande invasão à individualidade do outro... É nunca deixar de enxergar que esse ser, mesmo compartilhando coisas importantes e essenciais com você, não deixa de ser único na sua essência e com um rico mundo individual a ser respeitado.
Fácil? De forma alguma! Por isso... um grande exercício.
Mas... o melhor de tudo: Vale incrivelmente à pena!

Muda vidas!

Tibet

sábado, 2 de novembro de 2013

O todo...



Alguns, por opção, escolhem de você apenas "uma metade"...
E assim se privam de toda lógica...coerência e harmonia que vem do todo que é você...
Mostrar-se parcialmente... despir-se de alguns sentidos mais sentidos... abrir mão de grandes significados... Cansa...é monótono.. esvazia-nos com o tempo...
Aos que não "dão conta" do "todo"... Fiquem com as partes soltas...
Mas... preciso dizer: Estão perdendo uma imensidão...

Tibet

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A flor...


Imersa em um mundo de "pedra"...
E me deparo com uma "flor"!
E depois dela...
Apenas cor...
Sentido...
Calor...

E todo o resto, a partir dali...
Tornou-se moldura...
Pra aquela luz...
Pra aquela paz...
E pra o amor que ela trazia...

Tibet

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Tempo...


Tenho vivido nos últimos dias uma espécie de deleite com o meu próprio universo.
E assim tenho me suprido tanto de mim e com tamanho prazer que acredito querer viver essa temporada sem nenhuma espécie de pressa ou ansiedade.
Degustar esse momento tem sido o meu único desejo.
Não me lembro ter vivido antes um período de tamanho bem-estar em mim mesma.
Nunca estive tão em mim!

"De modo que o meu espírito ganhe um brilho definido...
 Tempo tempo tempo tempo..."

Tibet

terça-feira, 9 de abril de 2013

Pessoas e pessoas...


Existem pessoas e pessoas.
Tenho preguiça de umas... e "medo" das outras...
Existem algumas com as quais apenas uma minúscula porção de nós mesmos é suficiente (ou até demais) pra estabelecermos algum tipo de troca...
E então... pegamos todo o resto de nós... dobramos bem dobradinho e, simplesmente, guardamos em algum canto bem seguro. E toda essa imensidão ficará lá... guardada... empoeirando... durante todo o tempo que durar a "relação"... ou tentativa dela...
E a gente vai seguindo... e vai se esquecendo do tal "embrulho" que foi guardado um dia... até que, em um determinado momento, nos deparamos com alguma situação que nos faz sentir vontade de "arrumar a casa"... revirar tudo... "abrir baús e gavetas" e eis que, de repente, encontramos um "embrulho todo empoeirado" em um canto e nos vem aquela sensação de... "e eu que nem me lembrava que tinha guardado isto aqui?!"...
E então... recuperar o "embrulho" e voltar pra o que se tentava chamar de "relação" tornam-se coisas incompatíveis...
E... existem as outras pessoas...
Ah... essas outras...
Um dia olham pra você e simplesmente indagam: "Que embrulho curioso! O que tem dentro? Posso abrir?"
E essas pessoas vão enxergar os seus olhos, o seu pensamento, a sua lógica de perceber as coisas... o mundo dentro da sua cabeça...
Vão entender muito no pouco que você falar.
Vão desvendar um seu pensamento que até pra você parecia complicado...
Vão compartilhar longas e profundas conversas com leveza, despreocupação, sagacidade e uma cerveja bem gelada...
E com elas... até o silêncio compartilhado será acolhedor...
Com elas poderemos oferecer a maior porção que conseguirmos de nós mesmos...
Daí vem o "medo"...
"Medo" assim... entre aspas... por ser medo com prazer!

Existem pessoas e pessoas...
"Umas te roubam...
E outras te devolvem..."

Tibet

domingo, 7 de abril de 2013

Comigo...


"Seja o que acontecer, e apesar do risco de a superfície estar agitada, o fundo permanecerá imperturbável ."
Virgínia Woolf

Saber "degustar" uma boa dose de solidão de vez em quando não é pra muitos...
Mas... sugiro que o faça com moderação...
A despeito de raras companhias que nos são vitais...
Em determinadas personalidades, tal "degustação" pode vir a causar forte dependência...
E assim tenho andado...desfrutando ao máximo dessa minha ilustre companhia...
Costumo gostar muito desses períodos em que vivo assim...
São uns períodos de mais introspecção... mais lucidez... mais movimentação e até mais dor...
Mas... como diziam antigamente... é a "dor do crescimento"...

Tibet

sábado, 6 de abril de 2013

Virgínia...

Estou lendo atualmente a biografia de Virgínia Woolf  por Alexandra Lemasson.
É incrível como essas personalidades densas, profundas, complexas e instáveis me atraem tanto.
Uma das grandes representações da literatura inglesa, escrevendo ela se refugiava das alucinações e das sucessivas crises depressivas.
Em sua última carta, escrita ao marido antes de dar fim à própria vida, Virgínia evidencia a sua sensação de estar sendo, constantemente, assediada pela loucura.
Então, em março de 1941, encheu os bolsos do casaco com pesadas pedras e se atirou nas águas geladas do rio Ouse.
Sempre que leio Virgínia Woolf acabo a associando à Clarice Lispector (depois de Beauvoir, uma das minhas divas da literatura). Sempre achei Virgínia e Clarice personalidades muito afins e ambas de uma complexidade que nos dá a impressão de terem vivido as duas, durante todas as suas vidas, driblando um estado emocional bastante vulnerável e sujeito a uma mente aguçada demais na percepção do mundo à sua volta. Talvez uma lucidez extrema que chegava a beirar a loucura.
Outro dia li em algum lugar a opinião de Clarice quando lhe indagaram sobre essa possível similaridade. E ela disse:

"Não gosto quando dizem que tenho afinidade com Virgínia Woolf (só a li, aliás, depois de escrever o meu primeiro livro): é que não quero perdoar o fato de ela se ter suicidado.O horrível dever é ir até o fim".

"O horrivel dever é ir até o fim..." Rs.
Na minha opinião... ficou mais parecida ainda!

Tibet